A cada exemplo, sentimos a força e a importância da presença do professor em nossa formação. Neste caso, da professora na vida do advogado e escritor Thiago Ruffine:
“Nasci em Belo Horizonte e na infância já me mudei com minha amada mãe, Marlene Ruffine, para Ponte Nova. Foi aqui que tudo começou: as primeiras frases, as primeiras cartas de amor e os primeiros poemas. Morei muitos anos no bairro Triângulo Velho e comecei a frequentar a EM Reinaldo Alves Costa, onde – com estímulo e insistência da minha eterna professora Graça Albergaria – tive o meu primeiro poema publicado num livreto organizado pela professora contendo poemas de todos os alunos da sala (4ª série).”
A seguir, o depoimento dele a Ademar Figueiredo, da coluna Arte & Cultura.
Ademar – No referido livreto, você publicou seu primeiro poema “A vida e a natureza”, aos 10 anos de idade. O que isto significou para você?
– Thiago – Esse livreto foi o primeiro passo da minha jornada literária, mas acima de tudo é exemplo de um trabalho de uma professora fantástica, que eu tive a honra de ter na minha vida escolar. Desde as primeiras aulas, ela me estimulava a ler muito e a escrever corretamente e também me mostrou a riqueza da literatura brasileira. Me permitiu sonhar em ser um grande escritor, não ouso dizer que sou, sempre proferindo que para isso é indispensável a leitura e escrita constante.
Ademar – Você tem uma série de poemas publicados em antologias diversas. Quais temas têm merecido a sua atenção?
– Thiago – Escrevo principalmente sobre questões existenciais, englobando os dilemas éticos da vida. Trato da resiliência frente a isso tudo e sob um prisma psicológico analiso os fatos lúgubres da vida humana.
Ademar – Para ser um bom escritor, tem que ser um bom leitor?
– Thiago – A boa escrita está intrinsecamente ligada à boa leitura, seja por uma questão de incitar o raciocínio lógico, seja também por provocar os sonhos e devaneios, como diz Manoel Bandeira: o alumbramento. É a base de toda criação literária.
Ademar – Com quais autores você se identifica e como eles influenciam nos seus textos?
– Thiago – Os principais autores que influenciaram e influenciam nos meus poemas são : Dostoievski, Alexandre Dumas, Sartre, Albert Camus. O realismo e as descrições psicológicas feitas por estes autores em suas obras são fontes inestimáveis de inspiração.
Ademar – Selecionamos duas falas suas. Comente-as:
1ª – “Meus textos foram acompanhando as mudanças da minha vida”:
– Thiago – Quando comecei a escrever tinha muito romantismo e platonismo apaixonado nos meus poemas, típica escrita das crianças e dos adolescentes. Ao envelhecer, você vai percebendo que a realidade é pungente e a questão principal da vida é como lidar com os sofrimentos advindos da existência.
2ª – “O poeta é também um denunciador da miséria social”:
– Thiago – Aqui faço alusão ao trabalho que realizei com a população em situação de rua em Belo Horizonte. Ao lidar com essas pessoas, eu adentrei nas mazelas sociais que atingem os centros urbanos. Abordo essa questão nos meus poemas com o intuito de denunciar à sociedade o que muitas vezes é tido como invisível e inexistente pelo poder público.
Ademar – Que dica você daria para quem quer se aventurar pelo mundo das letras?
– Thiago – Por mais simplista e banal que seja a resposta, creio que só existe um caminho: dedicação e estudo. Ler avidamente e escrever incansavelmente até virar um hábito.
Ademar – Quais seus planos imediatos?
– Thiago – Estou empenhado na elaboração de um romance existencial e espero terminá-lo até o final do ano. Nessa obra, eu trabalho detalhadamente sobre o flagelo dos refugiados no Brasil.
Nota da Coluna – A professora Graça Albergaria enviou breve depoimento sobre seu
ex-aluno: “Fizemos poesias como aprendizado… e desta aprendizagem surgiu você, Thiago, que transforma tudo em realidade após 20 anos. Cuidou do presente no momento de aprendizagem e colhe no futuro bons frutos. Parabéns, sucesso!”